segunda-feira, novembro 24, 2008

D. Afonso Henriques e a origem de Portugal - por Gonçalo



D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal, filho do conde D. Henrique de Borgonha e da Infanta D. Teresa (filha bastarda de Afonso VI , imperador do reino de Leão), senhores do condado Portucalense . Fundou a dinastia de Borgonha, que durou 244 anos.
Nasceu provavelmente em Coimbra e faleceu na mesma cidade, tendo sido sepultado na igreja de Santa Cruz. Casou em 1146 com Mafalda ou Matilde (filha de Amadeu II, conde de Mouriana e Sabóia), de quem teve sete filhos.
Criado desde cedo por Soeiro Mendes e sua mulher, senhores de Riba de Ave, assumiu muito jovem, em 1120, juntamente com D. Paio, entãoo arcebispo de Braga e irmãoo de Soeiro Mendes, uma posiçãoo política contrária á de sua mãe, D. Teresa
, que apoiava já então os Travas. Esta posição política obrigou D. Paio a emigrar, levando consigo o jovem D. Afonso Henriques que, provavelmente em 1122, se armou a si próprio cavaleiro - como era usual os reis fazerem - na catedral de Zamora.

De novo no condado, deu-se a 24 de Junho de 1128 a batalha de São Mamede. Ao se defrontaram as hostes de D. Afonso Henriques e dos barões que o acompanhavam, com as de fidalgos galegos, chefiados por Fernão Peres de Trava, e partidários de sua mãe D. Teresa
. Temia-se a influência desse conde galego - Fernão Peres de Trava - junto de D. Teresa, já que se via nessa união uma clara tentativa de unificação da Galiza com Portugal, posição contrária à dos barões portucalenses, que desejavam a autonomia em relação à Galiza. Foi nestas circunstâncias que se travou a batalha, da qual o conde de Trava saiu derrotado, sendo D. Teresa exilada para a Galiza, onde viria a morrer em 1130. A batalha foi decisiva e quem a venceu foram sobretudo os barões portucalenses que rejeitavam a influência dos Travas no condado, e manifestavam a sua opção por D. Afonso Henriques como seu chefe.
Vencida a batalha, Afonso Henriques assumiu claramente o governo do condado, com o objectivo claro de lhe firmar a independência. Para tal, definiu uma dupla
política baseada, por um lado, na defesa do seu condado contra Leão e Castela (a norte e a leste) e contra os mouros (a sul); por outro, na negociação com a Santa Sé, no sentido de ver reconhecida a independência do seu reino e de conseguir também a autonomia plena da Igreja Portuguesa.
Dentro deste espírito, fundou o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (1131), propiciando assim a reunião das dioceses portuguesas à metrópole de Braga, e mandou erigir numerosos castelos fronteiriços, datando de 1135 a fundação do castelo de Leiria, um dos pontos estratégicos para o desenvolvimento da Reconquista .
Em Cerneja, em 1137, D. Afonso Henriques venceu os leoneses e, em Ourique, na famosa batalha com o mesmo nome, a 25 de Julho de 1139, derrotou os mouros, passando então a intitular-se rei.
Em 1143 D. Afonso Henriques prestou vassalagem à Santa Sé e, nesse mesmo ano, na reunião de Zamora, D. Afonso VII de Leão reconheceu a realeza de D. Afonso Henriques. Porém, só em 1179, com a bula Manifestis Probatum, o papa Alexandre III designou D. Afonso Henriques como rei, concedendo-lhe também o direito de conquistar territórios aos mouros, e possibilitando-lhe deste modo o alargamento do seu território.
A partir da batalha de Ourique, a autonomia de Portugal tornou-se, cada vez mais, incontestada, fortalecida sobretudo pela bula papal e pelo reconhecimento de Portugal como reino independente por parte do imperador de Leão e Castela e por outros reis da Península. D. Afonso Henriques conquistou entretanto Santarém (15 de Março de 1147) e Lisboa (24 de Outubro de 1147), com a ajuda de cruzados, estabelecendo assim o limite sul do condado Portucalense. Tomaria ainda Almada e Palmela, que se entregaram sem luta, conquistando posteriormente, em 1159, Évora e Beja, que perderia pouco depois a favor dos mouros. A reconquista de Beja foi de novo possível em 1162, reocupando-se também Évora, com a ajuda de Geraldo Sem-Pavor, cidade que também voltaria a perder.


D. Afonso Henriques morreu em 1185, deixando a seu filho, D. Sancho I, um território perfeitamente definido e independente: não apenas um condado, mas já sim um verdadeiro reino.



MORAL DA HISTÓRIA

Portugal não seria Portugal, se D. Afonso Henriques fosse mais um "velho do Restelo" (expressão que viria a ganhar significado 300 anos mais tarde), daqueles que entram numa de "Ai, mãe é mãe independentemente de tudo o que fizer" ! O facto é que quem quer ser alguém nesta vida, tem de seguir os bons exemplos de quem chegou lá e não os fracos exemplos de quem não só não fez, como também não queria deixar fazer... faço-me compreender?
O facto aqui em questão, é que nem sempre os feitios ou objectivos de pais e filhos coincidem e, mais grave ainda, nem todas as mulheres que dão à luz chegam algum dia a dar mais do que isso. Os pais têm o direito de viverem as suas vidas à sua vontade, assim como os filhos também o podem e devem fazer... mesmo que isso implique uma guerra para a vida inteira... o que não tem de acontecer sempre... só acontece quando não existe amor no seio de uma família... mas será que se pode chamar a isso uma família?

Sem comentários: